quarta-feira, 9 de maio de 2018

Devaneios

 Ela está velha. Não. Não velha, diria ela. Madura. Experiente. Tudo menos velha. Afinal de contas só tem 50 anos, mas...já se nota. E perguntam vocês, nota se no quê? Bem...pretty easy para quem convive com ela. Está mais cansada. Enrugada. Triste. Já não tem toda aquela energia que a caraterizava. Mas...também se compreende. Ao fim de 30 anos de casamento, já desapareceu. Pelo menos a parte psicológica. Presa às rotinas. Over and over again. Sempre a mesna coisa. Levantar, ir trabalhar, vir, escolas, atividades, banhos, comida, os dois filhos sempre a chatear. O marido também. Sempre a reclamar das contas e do dinheiro que quase não chega para o final do mês. E...a única meia hora que tem para ela no dia é para adiantar alguma coisa para o dia seguinte. Ambos estafados da vida, deitam se. E dormem. Para no dia seguinte...recomeçar tudo outra vez. Até que....um dia rebenta a bolha. E...simplesmente não consegue. Não consegue levantar se e fazer toda a rotina. E então...pela primeira vez em 10 anos, falta ao trabalho. Quer saber como é um dia fora da rotina. E então sai de casa para ir tomar o pequeno almoço. Há mais de 5 anos que não o faz. O Alfredo está sempre a dizer-lhe para não se gastar dinheiro desnecessariamente, mas...um dia não são dias. E ela..quer. E então vai.
Mal sabe ela o que a esperava naquele café...

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